Uma das causas freqüentemente apontadas pelos empresários no Brasil, e em
vários países da América Latina, para o crescimento dos preços é o aumento da taxa de
juros. Os modelos normalmente apresentados nos livros textos são incapazes de
explicarem este fenômeno, pois a taxa de juros não aparece como argumento na função de
oferta agregada da economia.
Esta seção introduz a taxa de juros na função de oferta agregada a partir de um
modelo bastante simples que leva em conta o fato estilizado de que o desconto de
duplicatas no sistema bancário constitui-se numa fonte importante de capital de giro, para
as empresas pagarem seus fornecedores e a mão-de-obra empregada na produção.
Admita-se que uma empresa competitiva vende sua produção a prazo. O preço de
venda à vista seria igual a Pt. O preço a prazo embute a taxa de inflação esperada π
t
e
+1
para o período t+1, quando o comprador efetuará o pagamento. A taxa de juros nominal
que os bancos descontam às duplicatas é igual a rt. O salário nominal é igual a Wt. O
lucro da empresa será , portanto, igual a :
onde yt é o nível de produção e Nt o volume de mão-de-obra empregada, relacionados
através da função de produção yt = f(Nt).
A condição de primeira ordem para a maximização do lucro é facilmente obtida
derivando-se Lt com respeito a Nt, igualando-se o resultado a zero:
onde ρ
t
∗ é a taxa de juros real : (1 ) (1 ) (1 ) 1 + = + + +
r ∗ t t
e
t π ρ .
A produtividade marginal da mão-de-obra é igual ao salário real vezes um mais a
taxa de juros real. Quando a taxa de juros real aumenta, a mão-de-obra fica mais cara, e o
volume de emprego diminui, pois a produtividade marginal do trabalho decresce com o
aumento do emprego. A equação de demanda de mão-de-obra pode ser escrita, de maneira
genérica, como função do salário real e da taxa de juros real. Em símbolos:
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